domingo, 22 de junho de 2008

Eu posso salvar o ambiente?

No seguimento das conferências “De outra perspectiva” realizadas o ano passado a propósito do Escutismo em extensão e da integração da pessoa com deficiência no movimento e no mundo social, o Clã 57 promoveu no passado dia 21 um encontro sobre o ambiente. Com um rol de convidados de excelência, olhámos para o contexto e para as questões ambientais de uma outra perspectiva.

Assim, começamos com o Chefe Alexandre Leite, Professor a leccionar na FEUP, que apresentou em alguns minutos a evolução do Homem do ponto de vista cientifico, mostrando o pouco que nos pertence o Planeta se considerarmos que estamos na Terra há muito menos anos que qualquer outro ser vivo. O Chefe referiu que esta questão da desflorestação que tanto nos preocupa não é recente: começou há cerca de seis séculos aquando da expansão marítima portuguesa: para a indústria naval foram abatidas 8 milhões de árvores. Hoje, a saga continua, “somos muitos, em busca de qualidade de vida, industrializamos, produzimos resíduos” e permanecemos às voltas dentro deste ciclo. Depois, o Chefe apresentou um projecto que deveria ter sido anunciado pelo Dr. Paulo Magalhães (Professor Universitário de Direito do Ambiente e colaborador Jurídico da Associação Quercus), que não pode comparecer: o projecto “Rolhinhas” – um protocolo entre o CNE e a QUERCUS que pretende, com a recolha e reciclagem de rolhas de cortiça, juntar até 2012 dinheiro suficiente para se plantar 1 milhão de árvores em campos escutistas (azinheiras, carvalhos, sobreiros). Para isto, precisamos que todas as pessoas nos ajudem: e nos entreguem todas as suas rolhinhas para que, em 20 anos depois da plantação das árvores, se consiga neutralizar 4000 toneladas de dióxido de carbono.

Seguiu-se o Eng. Vaz Moreira, Administrador da Suma, que, ao dar uma perspectiva mais técnica da questão ambiental, apresentou alguns números: cada um de nós produz por ano lixo com um peso superior ao seu corpo 10 vezes; quanto ao tempo que determinados resíduos demoram a desaparecer no Planeta: fraldas descartáveis: 450 anos; latas de alumínio: não se corroem; pontas de cigarro: 2 anos; fraldas descartáveis biodegradáveis: 1 ano. Em Portugal produz-se, todos os dias, 11 781 000 Kg de lixo. Depois apontou algumas alternativas às lixeiras a céu aberto que poluem a atmosfera e, nomeadamente, os solos, como o aterro sanitário, a compostagem ou a reciclagem. As duas ultimas, podem ser feitas por todos nós: pode-se por exemplo colocar todos os restos alimentares, cascas de frutos ou de legumes e, cobrindo-os com terra, fazer estrume para espalhar depois pelos campos. Como dizia o Eng.Ambiental Fernando Rocha, “é necessário retroceder aos tempos dos nossos avós para evoluirmos”. Quanto à reciclagem, feita apenas para 6% dos resíduos urbanos, mas com 93% da população abrangida por ecopontos, 1 tonelada de papel reciclado, por exemplo, evita o abate de 15 a 20 árvores.

Por fim, o Diácono Renato Poças, Assistente Regional Adjunto, deu-nos uma perspectiva mais espiritual e teológica sobre o tema. Ao apresentar a criação do mundo segundo os Génesis, chamou à atenção de Deus apenas ter dito ao Homem, e não às outras criaturas, “crescei e multiplicai-vos e dominai a Terra”. Ao usar os verbos no plural, Deus mostrou ao Homem que queria que ele cumprisse a Sua vontade mas com a ajuda de Deus, não sozinho, ou seja, que nós (Deus e o Homem) “façamos homem e mulher”. No entanto, o Homem não interpretou desta maneira as palavras de Deus e considerou-se no direito de dominar a Terra sozinho, apenas usando a sua vontade. Também interpretou mal a palavra “dominai”; este dominar é no sentido de manter o equilíbrio, de continuar a zelar; por isso, o Diácono diz que Deus fala nos Génesis de uma con-dominação, remetendo-nos para a ideia de condomínio, onde cada um de nós não se pode esquecer que não está sozinho na Terra: esta é um grande condomínio que precisa de ser administrado de forma equilibrada e harmoniosamente por todos e com a ajuda de Deus.

Assim, de mais uma noite de enriquecimento, ficaram muitas ideias, nomeadamente a de que não devemos ficar à espera que os outros mudem o rumo do ambiente e que se esforcem por isso, enquanto nós vamos vivendo a nossa vida de acumulação exagerada e desnecessária de lixo que, mais cedo ou mais tarde, regressará à natureza. Como dizia um provérbio Chinês “uma caminhada de 1000 léguas começa com o 1º passo” que, acrescentamos, pode muito bem ser o de cada um de nós.

Campanha Rolhinhas: Pede-se a todas as pessoas que façam recolha de rolhas de cortiça e as depositem nos garrafões que, nós escuteiros andamos a distribuir pela freguesia; caso não os encontrem, entreguem a um escuteiro que conheçam ou ao Sábado à tarde no Salão Paroquial. Contamos com a ajuda de todos: por 1 milhão de árvores…




http://www.earth-condominium.com/

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