Destino: Sernada do Vouga
Peregrinos: Tiagos, Rita, Pedro, Linton
Missão: Preparar o(s) novo(s) peregrino(s) para a sua promessa.
Estado: Concluído
Se tivéssemos feito um diário de bordo, provavelmente este estaria todo molhado e não seria possível lê-lo. Assim como, se tivéssemos apanhado o comboio a horas, provavelmente não apanhávamos o vouguinha. A Rita agradece o segundo, os rapazes agradecem o Primeiro.
O dia de sábado começou bem. Quando se começa a actividade antes das 3h30 há muita confusão. Uns pensavam que se começava no dia anterior, outros no próprio dia, mas com calma, conseguimos todos concluir que era no sábado a partida, mas a hora escapou a um dos elementos. Pneu furado, dizia. Esperamos todos. Só havia 2 vouguinhas. De manha e ao final da tarde. Perdemos o da hora fina, apanhamos o da hora pobre. “Ai… só havia 2? E agora o que vamos fazer? Não acredito”. Disse o elemento atrasado. “Hehe, afinal não apanhávamos. O comboio que queríamos apanhar teve um problema em Silvade”, disse, depois de obter essa resposta no subterrâneo da nossa primeira paragem. Ficamos por Aveiro.
Decidimos desenvolver as capacidades de improviso. Procuramos um meio de transporte alternativo mas sem sucesso. Era uma terra estranha (e continua a ser). “Não me digam que vamos almoçar por cá”, pensaram, talvez, 2 ou 3. A resposta foi afirmativa.
Descobrimos, em Aveiro, o restaurante ideal. Num cais de pequenos barcos. Comemos com as ondas feitas por nós, tivemos de confiar que ninguém ia mandar nenhum elemento à água. Mas não confiamos que ia uma vara.
Aveiro é uma cidade bonita, mas monótona. Sabíamos, da nossa recolha de informação, que o Vouga para a “nossa” terra só iria partir em algumas horas. Mas, achamos que Águeda seria o destino ideal para esperar esse Vouga.
Fomos à descoberta de Águeda e que grande descoberta. “Olhe, sabe como se vai para o museu?”, “Ei, espere, você é chefe?” Quem diria que furar um pneu dava tanta sabedoria. Descobrimos um chefe.
Em plena Águeda, um chefe. Apontou-nos a sua sede, convidou a irmos lá, mas, antes, tínhamos o museu para visitar. O museu possuía um horário só dele. Desistimos, vencemos um lutador que achamos no chão, demos espectáculo e fomos visitar o agrupamento de Águeda.
Era por volta do inicio da actividade de onde viemos (à qual, os rebeldes, obviamente, faltaram) e nós a visitar outro agrupamento. “Ai e tal mas para ir para Itália”. Ficamos uns a olhar para os outros. Certamente, seria a sua Sernada do Vouga. Não entendemos muito bem. Falavam em coisas com asas, capazes de voar e em formas de angariar fundos. Uma festa de carnaval com um papel diferente dos nossos. Não tinha as palavras Bifanas, Cachorros e Caldo Verde. Achamos estranho e um dos elementos do Clã de Águeda afirmou mesmo “Então vão se embora” com um sorriso. E fomos, mais tarde que esse anuncio.
Visitar um Jardim aconselhado por um agrupamento, explorar e de volta à estação. Lá conhecemos 3 pessoas curiosas, mas muito simpáticas. Adriano, Dante e um leitor de Jornal a qual escapou o nome. Enquanto vimos alguma simbologia do clã, estes, que vieram mais tarde, perguntaram-nos, curiosamente, sobre alguns símbolos. Respondemos. Jogamos também cartas com eles. Foi interessante, porque, mais uma vez, havia sempre alguém morto no jogo do costume.
Sernada do Vouga, enfim. Terra bonita para ver de Noite e ouvir lamentos de “não vamos por ai”, “Ai, por ai não”, “Tem aqui bichos?”, “Falta muito” e conclusões brilhantes como “Está a chover”, “Está escuro”. Apanhamos chuva, orientamo-nos pelo escuro, voltamos a trás, sentimos, esperamos, acompanhamos. Quem diria que a noite assustava, mas aproximava? Quem diria que a chuva molhava, desmoralizava, mas aquecia? Naquela noite, isso não importou. Seguimos para uma experiencia nova.
Em uma média maior a 10 anos de escutismo, nenhum de nós tinha montado uma tenda a chover bem. Foi a altura ideal. E conseguimos sobreviver a noite toda, com um fogão espectacular e um cozinheiro à altura. Experiencias novas, num lugar novo com uma chuva como música de fundo e as palavras a voz que acompanhava essa melodia.
Acordamos. Havia uma coisa ainda por fazer. Alias, duas. Uma era afiar os dentes do Tiago Rodrigues, necessários para a próxima tarefa. Uma vara. Uma vara que, consideramos especial. Foi abençoada por uma das maiores noites de chuva que alguma vez tivemos, cortada por dentes, canivetes e baptizada.
Hora de voltar. A saudade era grande. Demoramos a desmontar a tenda, a arrumar tudo… A sair daquele local que de noite era tão estranho e de dia tão acolhedor. E voltamos, sempre naquele espírito de quem faz as coisas porque gosta. Porque quer e por vezes é complicado poder, mas esforça-se. Que não se importa de tomar decisões em conjunto, e, em equipa, decidir o melhor caminho a seguir e ser caminheiro.
As frases mais interessantes que ficaram foram:
“Onde acaba a estrada, começa o caminheiro”
“Ainda há sonhos que se transformam em realidade . Venha falar connosco.”
1 comentário:
Com um lenço ao pescoço é sempre possivel viver momentos desses! Continuem com esse espirito e passem-no para os mais novos!
Uma forte canhota cheia de saudade, desses montes e dessa mochila :) !!! ***
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