domingo, 10 de junho de 2007

Colher felicidade



Chegou ao fim, no passado dia 9 de Junho, o conjunto dos encontros que o Clã 57 promoveu para o Projecto Presentes para a Paz – Escutismo em Extensão. Juntámo-nos mais uma vez para percebermos que é possível ser-se feliz na diferença e que, também aqueles que se entregam no apoio aos nossos irmãos diferentes colhem, eles próprios, felicidade.
Catarina Vigário, caminheira do nosso Clã, falou-nos da sua experiência – realização de um trabalho para a faculdade – de trabalho com crianças escuteiras com deficiência. De um menino com paralisia cerebral que o impede de se deslocar autonomamente, disse que “nunca deixa de fazer nada!”, pode demorar mais uns minutos, mas acaba sempre por fazer o que é pedido aos seus colegas e a si próprio. Provavelmente, a incapacidade das pessoas com deficiência é mais produzida por nós – “os normais” – do que por eles. Como afirmou Valter Sá, psicólogo e dirigente do nosso Agrupamento, “ a Sociedade confere uns princípios difíceis de mudar”; apresentou-nos o exemplo de uma criança que brinca com um amigo deficiente, no entanto, à medida que cresce, vai sendo invadida por ideais preconceituosos e egoístas, que acabam por afastá-la e mesmo por lhe provocar riso quando vê o seu (“ex”) amigo que agora passou a ser o “deficiente”. Já o Dr.Abel Magalhães, também psicólogo, com muitos anos de serviço e entrega, mostrou-nos com o seu experiente e sábio testemunho que as pessoas diferentes “são sementes que se nós soubermos cuidar delas, nos darão momentos de alegria que nós não esperávamos”. Sermos felizes, fazendo os outros felizes…No fim da sessão(e depois da meia-noite), ainda tivemos a oportunidade de cantar os Parabéns ao Dr. Abel que no dia 10 de Junho completava 70 anos de vida! Brindámos com o habitual vinho do Porto, mas também cantámos “Deus está aqui…”, como forma de presentear o nosso aniversariante e a própria vida!
O fim dos nossos encontros não significa o fim do projecto, depende de cada um de nós continuar a alimentá-lo ou deixá-lo morrer. Com este trabalho, conseguimos, entre outras coisas, um enorme enriquecimento pessoal e ainda fazer com que fosse aprovada uma moção no Conselho Nacional Planário, realizado em Maio, que, temos essa esperança, contribuirá para uma mais facilitada integração da pessoa diferente no Escutismo e na Sociedade. Como dizia S.Tomás de Aquino, “a esperança mais não é do que a posse actual de um bem futuro”.

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