quinta-feira, 8 de março de 2007

E semeamos igualdade!





E semeamos Igualdade na noite de 3 de Março de 2007...

Estavamos todos cheios de expectativas. Reunimos contactos, falamos com as pessoas, divulgamos o forum, sobretudo porque achavamos que realmente aquele espaço tinha tudo para se tornar num espaço de troca de informaçoes e de consequente crescimento. E tornou-se!
Claro que não poderia ter corrido tão bem senão tivessemos participaçao dos nossos principais convidados. O Dr. Joaquim Paulo Silva - "Deficiencia no mundo actual", o Chefe Luís Filipe Correia- "De explorador a formador" e o Chefe Henrique Ramos - "Testemunho do percurso escutista de um jovem portador de diferença". Após uma breve apresentaçao feita por escuteiros do Clã e o Chefe Zé, o Dr. Joaquim (Tecnico de Serviço social, ex-membro do Concelho Municipal da Defiviencia, entre outros) iniciou o forum com uma pequena introduçao ao tema, mencionando o que é ser diferente na nossa sociedade, falando da pouca solidariedade existente na sociedade e, do facto de termos poucas praticas integradoras para as pessoas deficientes.
De seguida o Chefe Filipe, conhecido por muitos escuteiros, contou-nos como foi a sua vida e o seu percurso escutista! O facto de nunca se ter deixado abalar com comentarios maldosos e de sempre ter conseguido participar em todas as actividades escutistas, apesar da sua baixa estatura. Como disse o chefe: "Ser diferente pode significar ser alguém melhor"! E a verdade é que ao longo destes anos o chefe Filipe vai deixando a sua marca por todos os sitios que passa...
A terminar tivemos o testemunho mais emotivo da noite...Do chefe Henrique Ramos, do Agrupamento de Mafamude, que tem acompanhado desde os lobitos o percurso escutista de um escuteiro chamado Miguel, portador de Trissomia 21. Ao longo do seu relato e atraves de algumas questoes dos presentes fomos percebendo que o escutismo não está preparado para receber pessoas como o Miguel. Mas só não está preparado porque esta é ainda uma questao sem grande visibilidade. Foi também muito mencionado a ausencia total de formaçao para os chefes acerca deste tema. Daí se dizer que o escutismo não está preparado para os acolher. Contudo,como movimento escutista que se compromete a servir e a acolher, consideramos que o escutismo deve e tem a "obrigaçao" de proporcionar a estes jovens uma vida diferente. Porque todos eles, tal como cada um de nós, vai caminhando e fazendo progressos, mesmo que nao sejam explicitos...O Miguel não seria quem é, senão fosse escuteiro. Nao teria visto tantos locais bonitos, não teria feito tantas amizades, não teria tanto amor, não sorriria tanto...
Claro, que há muito a mudar...o movimento escutista também tem de crescer e de alargar os seus horizontes. Os proprios chefes devem estar sensibilizados para acolherem estes jovens. Tal como o Chefe Henrique...que dedicou , conjuntamente com outras 3 chefes, uma boa parte do seu tempo a olhar, a cuidar, a educar e amar o Miguel, daí que a integraçao do Miguel só tenha sido bem sucedida nas secçoes em que estavam estes chefes...
Mas será que fazia sentido sermos escuteiros se depois deixamos ou pomos de parte pessoas como o Miguel?

Ficaram muitas perguntas no ar...Vontade de saber mais, de propormos mudanças, de questionarmos atitudes, vontade de semerarmos mais igualdade...


E numa noite como esta...só poderiamos ter á noss espera aquele ceu magnifico onde o eclipse ia acontecendo...Fomos assim convidados pelo Chefe de Agrupamento a finalizar a primeira parte do forum a olhar para o céu...todos juntos! Claro, com o mitico vinho do porto e para as mais sonhadoras chá cor de rosa!

Esperamos por voces!Para Crescermos na diferença...

1 comentário:

Filipe José disse...

Em primeiro lugar os Parabéns a quem organizou\realizou esta iniciativa. É um tema muito pouco discutido mas que independentemente da conclusão a que se possa chegar é necessario discuti-lo.

Em segundo gostava de me apresentar: sou um caminheiro do agrupamento do chefe Henrique [ chefe Ramos para quem é do 390-mafamude...]

Em terceiro era para dar o testemunho [subtendenda-se o meu] de alguem que acompanhou desde os 5 anos o Miguel, até a fase adulta. [ Conheço o Miguel desde a pré-primaria ,catequese e depois nos escuteiros]

É verdade que o Miguel evoluiu muito pois para alem dos PAIS que SEMPRE o APOIARAM teve o privilegio de pertencer ao CNE o que lhe serviu para que pudesse conviver com jovens\crianças da mesma idade sem correr um risco tão grande de ser marginalizado\posto de lado.

Contudo ao entrar na adolescencia[ e com a mudança de escola ,um ambiente menos controlado e mais permissivo a maus exemplos], notou-se que o Miguel de quando em quando usava de expressões menos próprias, e que por vezes as usava simplesmente porque durante a semana as ouvia...e ao chegar ao sabado lá deixava escapar. Ou por outras vezes quando eu via o Miguel rodeado de "falsos" amigos que se metiam com ele simplesmente para se rirem daquilo que ele fazia a mando deles,isto é servia de PALHAÇO!!![ Sim é verdade!! e muito custou ver, e mais custou fazer ver ao Miguel que eles apenas o estavam a explorar\usar pois para ele[Miguel] os "outros" estavam apenas na brincadeira.
Estes dois casos para dizer que não chega o EXCELENTE trabalho dos PAIS, nem o trabalho que o CNE pode realizar com outros "Migueis" se a Sociedade continua a colocar de parte [ ou quando nao coloca é porque os usa da pior forma!]

Voltando ao Tema do POST

Na minha opiniao o acolhimento de pessoas como o Miguel, no escutismo, deve ser ponderado caso a caso e só se deve aceitar se houver elementos da chefia sufecientes e com a formação necessaria para manterem o mesmo ritmo da secção e de servirem de educadores\formadores a outros "Migueis".

e Pronto Não me alongo mais neste comentario.. e peço a desculpa se me desviei um bocado do tema...

Uma forte Canhota
Filipe José
390-Mafamude